Os salmos na nossa vida – Salmo 7 – Apelo à justiça de Deus


Dom José Francisco Falcão de Barros
reflete o Salmo 7,8-9. Cita textos de Santo Agostinho, Eusébio de Cesareia e São Basílio Magno :

Que a assembleia das nações vos circunde, presidi-a de um trono elevado
Salmo 7,8

“‘A assembleia das nações vos circunde’, em duplo sentido. A assembleia das nações pode estar constituída de fiéis ou de perseguidores. Ambas se formaram através da mesma humildade de nosso Senhor. Desprezando-o, a multidão dos perseguidores o cercou. Desta multidão se disse: ‘Por que as nações se agitaram e os povos tramaram em vão?’ (Sl 2, 1) A multidão dos fiéis, porém, cercou-o por sua humildade, de modo que se pode dizer com toda verdade: ‘A cegueira atingiu uma parte de Israel até que chegue a plenitude dos gentios’ (Rm 11, 25), e ‘Pede-me e dar-te-ei as nações por herança, e como propriedade os confins da terra’ (Sl 2, 8). ‘Presidi-a de um trono elevado’, por causa desta assembleia, volta para o alto. O Senhor voltou, quando ressurgiu e subiu ao céu. Assim glorificado, comunicou o Espírito Santo, que não podia ser dado antes de sua glorificação, conforme se lê no Evangelho: ‘Não fora dado o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado’ (Jo 7, 39). Tendo regressado, pois, ao alto, por causa da assembleia das nações, enviou o Espírito Santo. Dele repletos, os pregadores do Evangelho encheram de igrejas o orbe da terra”.

Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 7, 6

 

“Cheio de cólera contra o chefe dos exércitos de inimigos invisíveis, parece querer despertar o Senhor como um general, dizendo-Lhe: ‘Ó tu que ordenaste a nós, homens, para lutar contra as falanges inimigas, faz tu o mesmo. Se tu as subjugares, também eu serei salvo, e não estarei só, porque te circundará toda a Igreja dos gentios, libertada de todo engano dos demônios’. E tu, estando como em um coro no meio dela, elevarás um hino digno do Pai, como disseste: ‘Anunciarei o teu nome a meus irmãos, e te louvarei no meio da assembleia’” (Sl 21, 23).

Eusébio de Cesareia (265-339)
Comentário aos Salmos, 7, 7

 

O Senhor é o juiz dos povos. Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito, conforme minha integridade.
Salmo 7,9

“Quer haja regressado às alturas, ao subir ao céu depois da ressurreição, porque de lá há de voltar a julgar os vivos e os mortos, quer volte às alturas quando o conhecimento da verdade abandona os cristãos pecadores, a sentença: ‘O Senhor é o juiz dos povos’ é exata, porque a respeito da vinda do Senhor está escrito: ‘Mas quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?’ (Lc 18, 8) ‘O Senhor é o juiz dos povos’. Quem é o Senhor senão Jesus Cristo? ‘O Pai a ninguém julga, mas confiou ao Filho todo julgamento’ (Jo 5, 22). Em vista disto, observe-se como não teme o dia do juízo a alma que reza com perfeição, e com desejo confiante diz na oração: ‘Venha a nós o teu reino’ (Mt 6, 10). ‘Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito’. No salmo anterior, o enfermo implorava mais a misericórdia de Deus do que lembrava qualquer mérito seu, porque o Filho de Deus veio chamar os pecadores à penitência (Lc 5, 32). O salmista acima dissera, portanto: ‘Salva-me, Senhor, por tua misericórdia’ (Sl 6, 5), não por causa de meus méritos. Aqui, foi chamado, manteve e observou os preceitos recebidos e ousa dizer: ‘Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito, conforme minha integridade’. Verdadeira inocência, que nem o inimigo prejudica. Quanto ao acréscimo ‘Fazei-me justiça’, pode-se subentender não só a inocência, mas também a justiça, sendo este o sentido: Julga-me, Senhor, segundo a minha justiça, e segundo a minha inocência, justiça e inocência estas em mim existentes. O acréscimo revela que a alma é justa e inocente, não em si mesma, mas por ação de Deus, que esclarece e ilumina. Desta alma declara outro Salmo: ‘Senhor, farás brilhar a minha lâmpada’ (Sl 17, 29); e a respeito de João assevera: ‘Ele não era a luz, mas veio para testemunhar a luz’ (Jo 1, 8). ‘João foi o facho que arde e ilumina’ (Jo 5, 35). A luz, na qual as almas, como lâmpadas, se acendem, não brilha com fulgor alheio, mas com o seu, a própria verdade. Por isso se diz: ‘Segundo a minha justiça e segundo a inocência que há em mim’, como se a lâmpada que arde e ilumina dissesse: Julga-me pela chama que há em mim; não aquela que me faz existir, mas a que me faz brilhar, acesa em ti”.

Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 7, 8

 

“‘Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito’, isto é, segundo a justiça que um homem pode alcançar e é possível para aqueles que vivem na carne. E ‘segundo o meu justo direito’. Assim distante é o propósito de quem fala com soberba. Chama ‘o meu justo direito’ a simplicidade e a inexperiência daquilo que é útil para se conhecer, segundo o que é dito nos Provérbios: ‘O inocente acredita em toda palavra’ (Pr 14, 15). Porque nós, homens, com frequência caímos imprudentemente por inexperiência, ele suplica a Deus que nos conceda o perdão pela sua inocência. Assim, fica claro que essas palavras mostram a humildade em quem fala, ao invés de soberba. ‘Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito’, isto é, segundo a justiça que um homem pode alcançar e é possível para aqueles que vivem na carne. E ‘segundo o meu justo direito’. Assim distante é o propósito de quem fala com soberba. Chama ‘o meu justo direito’ a simplicidade e a inexperiência daquilo que é útil para se conhecer, segundo o que é dito nos Provérbios: ‘O inocente acredita em toda palavra’ (Pr 14, 15). Porque nós, homens, com frequência caímos imprudentemente por inexperiência, ele suplica a Deus que nos conceda o perdão pela sua inocência. Assim, fica claro que essas palavras mostram a humildade em quem fala, ao invés de soberba”.

São Basílio Magno (330-379)
Homilias sobre os Salmos, 7, 10

 

Luz da Vida:
O programa Luz da Vida nasceu da necessidade de proclamar o nome santo de nosso Senhor Jesus Cristo, de levar a todos os corações a certeza de que não existe outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos: Jesus Cristo.

“Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Mt 8, 12). Foi essa passagem bíblica que inspirou a criação e o nome do programa, que tem uma finalidade simples e audaciosa: apresentar Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Como Luz que ilumina a vida de todos nós.

A cada programa, Dom José Falcão de Barros apresenta um tema diferente, abordando questões espirituais e materiais da vida hodierna, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina, do magistério e da tradição da Igreja Católica Apostólica Romana.