Os salmos na nossa vida – Salmo 7 – Apelo à justiça de Deus


Dom José Francisco Falcão de Barros
reflete o Salmo 7,4-7. Cita textos de Santo Agostinho e São João Crisóstomo:

Senhor, ó meu Deus, se acaso fiz isso, se minhas mãos cometeram a iniquidade, se fiz mal ao homem pacífico, se oprimi os que me perseguiam sem motivo, que o inimigo me persiga e me apanhe, que ele me pise vivo ao solo e atire a minha honra ao pó.
Salmo 7,4-6

“Se fiz o mal ao homem pacífico…, que o inimigo me persiga e me apanhe”. Parece juramento execratório, a mais grave espécie de juramento; nele diz o homem: “Se fiz isto, sofra aquilo”. Mas, uma coisa é o ato de jurar na boca de quem jura, e outra no sentido que lhe dá um profeta. Aqui se enuncia o que, na verdade há de ocorrer àqueles que pagam com o mal aos que retribuem com o mal. Não é uma praga com juramento contra si ou contra outrem”.

Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 7, 3

 

“Essa deve ser a nossa primeira preocupação: não apenas rezar, mas rezar para sermos ouvidos. Não é suficiente que o suplicante faça aquilo que está na sua intenção, a menos que não o façamos para clamar a Deus. Os fariseus rezavam, mas nada obtinham; também os judeus rezavam, mas Deus não escutava as suas orações. Pois eles não rezavam como deveriam… Para ser ouvido, deve-se, antes de tudo: ser digno de receber; depois, rezar segundo a vontade de Deus; terceiro, ser persistente; quarto, não pedir nada mundano; quinto, pedir coisas úteis; sexto, oferecer o que é nosso”.

São João Crisóstomo (347-407)
Comentário aos Salmos, 7, 3

 

Levantai-vos, Senhor, na vossa cólera; erguei-vos contra o furor dos que me oprimem, erguei-vos para me defender numa causa que tomastes a vós.
Salmo 7,7

“Levantai-vos, Senhor, na vossa cólera”. Por que, então, aquele que afirmamos ser perfeito provoca Deus à cólera? Não seria, ao invés, perfeito aquele que ao ser apedrejado disse: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7, 59)? Ou não é contra os homens que o salmista pede isso, e sim contra o diabo e seus anjos, que se apoderaram dos pecadores e dos ímpios? Não é cruel, portanto, mas misericordioso quem reza contra alguém, para que o Senhor que justifica o ímpio (cf. Rm 4, 5) o tire da posse do diabo. Se o ímpio é justificado, de ímpio faz-se justo e passa de posse do diabo a templo de Deus. Como constitui castigo tirar de alguém o domínio de um objeto cobiçado, denomina-se ira de Deus contra o diabo a pena de subtrair-lhe os que estavam sob seu jugo. “Levantai-vos, Senhor, na vossa cólera”. Aqui parece dizer de modo humano e obscuro: “Levantai-vos”, como se Deus estivesse dormindo, quando permanece incógnito em seus segredos… “Erguei-vos para me defender numa causa que tomastes a vós”, isto é, apresenta-te humildemente, porque preceituaste a humildade. Sê tu o primeiro a cumprir o que mandaste, para que a teu exemplo os vencedores da soberba não sejam possuídos pelo diabo, que persuadiu à soberba contra o teu preceito, dizendo: “No dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses” (Gn 3, 5).

Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 7, 5

 

“Levantai-vos, Senhor, na vossa cólera”. Que significa “na vossa cólera”? Isto deve ser entendido como convém a Deus. A cólera de Deus não é uma perturbação da alma, mas castigo e correção. Como se levanta o Excelso, que sempre é Altíssimo? Porque a altura de sua natureza não cresce nem diminui pois é perfeito, não carece de nada e sempre é o mesmo. Assim, como Ele se levanta em um lugar? Levanta-se nas mentes de muitos. Assim, também tem Ele paciência muitas vezes, ainda que os inimigos não pensassem que tinha paciência, mas abatimento e debilidade. O mesmo quando tido por humilhado, porém, não, na realidade, mas na mente deles”.

São João Crisóstomo (347-407)
Comentário aos Salmos, 7, 6, 2, 4

 

Luz da Vida:
O programa Luz da Vida nasceu da necessidade de proclamar o nome santo de nosso Senhor Jesus Cristo, de levar a todos os corações a certeza de que não existe outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos: Jesus Cristo.

“Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Mt 8, 12). Foi essa passagem bíblica que inspirou a criação e o nome do programa, que tem uma finalidade simples e audaciosa: apresentar Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Como Luz que ilumina a vida de todos nós.

A cada programa, Dom José Falcão de Barros apresenta um tema diferente, abordando questões espirituais e materiais da vida hodierna, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina, do magistério e da tradição da Igreja Católica Apostólica Romana.