Os salmos na nossa vida – Salmo 7 – Apelo à justiça de Deus


Dom José Francisco Falcão de Barros
reflete o Salmo 7,12-13. Cita textos de Santo Agostinho e São João Crisóstomo:

“Deus é um juiz íntegro, um Deus perpetuamente vingador”
Salmo 7,12

“Qual Deus é juiz senão o Senhor que julga os povos? Ele é justo, pois recompensa a cada um segundo as obras. Ele é forte, porque, sendo poderosíssimo, tolerou mesmo os ímpios perseguidores, em vista de nossa salvação. É longânime, porque logo após a ressurreição não arrastou ao suplício os perseguidores, mas suportou-os a fim de que um dia se convertessem da impiedade à salvação; e ainda suporta, convidando os pecadores à penitência e reservando o último castigo para o juízo derradeiro… A ira com que Deus pune não está nele, mas no espírito de seus servos, obedientes aos preceitos da verdade. Por meio destes, emitem-se ordens de punir os pecados, também aos ministros inferiores, denominados anjos da ira, aos quais apraz o castigo inflingido aos homens, não por causa da justiça, que não possuem, mas por sua malícia… Agora a paciência de Deus convida à penitência; no fim dos tempos brandirá a espada, quando os homens, por sua dureza e coração impenitente, houverem acumulado ira para o dia da ira e da revelação da justa sentença de Deus” (Rm 2,5).

Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 7, 12

 

“Pensas que Deus não se vinga? O Deus das vinganças se vinga. Que significa: ‘Deus das vinganças?’ Deus que castiga. Certamente murmuras que os maus não são castigados por Ele. Não murmures, para não estares entre aqueles que sofrem a vingança. Alguém pratica um furto e continua a viver; tu murmuras contra Deus, porque não morre aquele que te roubou. Se já não furtas, considera. Talvez não furtes mais, mas vê se alguma vez não furtaste. Se já és dia, relembra-te de tua noite. Se já estás fixo no céu, lembra-te de tua terra. Descobres que alguma vez foste ladrão. Talvez alguém se tenha irritado porque viveste furtando e não morreste. Tu quando cometias este pecado, continuaste a viver a fim de não o cometeres mais; não procures, uma vez que tu passaste, derrubar a ponte da misericórdia de Deus. Não sabes que muitos haverão de passar por onde tu passaste? Existirias agora para murmurar, se tivesse sido ouvido aquele que anteriormente murmurou a respeito de ti? E, no entanto, agora desejas a vingança de Deus contra os maus, que morra o ladrão e murmuras contra Deus se o ladrão não morre. Pesa na balança da equidade o ladrão e o blasfemo. Já afirmas que não és ladrão; mas murmurando contra Deus és blasfemo. O ladrão espia quando o homem vai dormir para roubar e tu dizes que Deus dorme e não vê o homem. Se, portanto, queres que ele corrija sua mão, corrige tu primeiro a tua língua. Queres que ele corrija o coração relativamente ao homem; então corrige teu coração que está contra Deus, para não suceder que se vier o castigo de Deus que desejas, não te atinja primeiro. Pois, este castigo virá, virá e julgará os que perseveram em sua malícia, os ingratos para com as delongas de sua misericórdia, os ingratos diante de sua paciência, que estão acumulando ira para o dia da ira e da revelação da justa sentença de Deus, que retribuirá a cada um segundo suas obras (cf. Rm 2, 4-6), porque o Deus das vinganças, Senhor, o Deus das vinganças agiu com intrepidez”.

Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 93, 7.9

 

“Se eles não se corrigem, ele afiará a espada, entesará o arco e visará”
Salmo 7,13

“‘Se eles não se corrigem, ele afiará a espada’. Pode-se entender que o próprio homem-Senhor é a espada de dois gumes, isto é, duplamente afiada, que na primeira vinda não brandiu, mas escondeu de certo modo na bainha da humildade. Brandirá, porém, na segunda vinda, quando há de vir para julgar os vivos e os mortos, no esplendor manifesto de sua glória e fará fulgurar a luz para os justos e o terror para os ímpios. Pois, em outras traduções, em vez de ‘brandirá a espada’ acha-se: ‘Fará cintilar sua espada de dois gumes’. Julgo que tal expressão alude de modo muito adequado à última vinda do Senhor na glória. De sua pessoa entende-se na verdade o que lemos em outro Salmo: ‘Livra dos ímpios, Senhor, a minha alma, a tua espada, dos inimigos de tua mão'” (Sl 16,13).

Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 7, 13

 

“Para que Deus necessita de um arco e de uma espada? Por que são ditas essas coisas? Pela enorme dureza dos que escutam, e para que com os nomes habituais das armas se incuta medo em suas mentes. Se em sua mão está a vida de todos nós (Dn 5, 23) e de sua face ninguém escapará (Sl 147, 17), como Ele tem necessidade de armas? Como disse antes, essas coisas são ditas pela dureza e torpeza dos ouvintes. Que significa “afiará”? ‘Erguerá’. Acaso tem necessidade de pedras para ‘afiar?’ Existirá talvez ferrugem na espada? E quem poderá resistir tendo em mente essas coisas, tais como foram ditas? Porém, como expus antes, Davi traduz o castigo com tudo isso, para que também os mais ignorantes progridam e compreendam eles mesmos que não se deve ficar nas expressões, mas aceitar a compreensão dessas coisas como convém a Deus. Porque se alguém percebe o motivo pelo qual se fala da ira e da cólera em Deus, muito mais deveria temer por outras coisas. E se isso não se toma como se diz, mas como convém a Deus, é claro que também aquilo que se refere à ira e à cólera; com efeito, as expressões são fortes, para que sejam alcançadas pela dureza dos ouvintes”.

São João Crisóstomo (347-407)
Comentário aos Salmos, 7, 11, 2

 

Luz da Vida:
O programa Luz da Vida nasceu da necessidade de proclamar o nome santo de nosso Senhor Jesus Cristo, de levar a todos os corações a certeza de que não existe outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos: Jesus Cristo.

“Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Mt 8, 12). Foi essa passagem bíblica que inspirou a criação e o nome do programa, que tem uma finalidade simples e audaciosa: apresentar Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Como Luz que ilumina a vida de todos nós.

A cada programa, Dom José Falcão de Barros apresenta um tema diferente, abordando questões espirituais e materiais da vida hodierna, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina, do magistério e da tradição da Igreja Católica Apostólica Romana.