Os salmos na nossa vida – Salmo 6 – A oração no sofrimento
Dom José Francisco Falcão de Barros reflete o Salmo 6,6-8. Cita textos de São João Crisóstomo, Santo Agostinho e São Cesário de Arles:
“Porque no seio da morte não há quem de vós se lembre; quem vos glorificará na habitação dos mortos?”
Salmo 6,6
“‘Porque no seio da morte não há quem de vós se lembre’. Ao dizer isso, não se refere a situações do tempo presente. Nada disso! Parece um discurso sobre a ressurreição e sobre a descida ao inferno, onde não haverá arrependimento. Pois o rico confessava e não se arrependia, porém de nada servia porque faltava o tempo (cf. Lc 16, 24-31). Da mesma forma, as virgens quiseram obter azeite, mas não conseguiram (cf. Mt 25, 1-13). Também este aqui pede o mesmo, que lhe sejam perdoados os pecados desta vida, para que goze de liberdade perante o terrível tribunal”
São João Crisóstomo (347-407)
Comentário aos Salmos, 6, 4
“Eu me esgoto gemendo; todas as noites banho de pranto minha cama, com lágrimas inundo o meu leito”
Salmo 6,7
“‘Por esta razão, desculpa-se o salmista: Eu me esgoto gemendo’. E como pouco tem adiantado, acrescenta: ‘Todas as noites banho de pranto minha cama’. Cama aqui é o lugar onde a alma doente e fraca descansa, isto é, o prazer corporal e mundano. Lava com lágrimas tal deleite aquele que se esforça por se furtar a ele.
“Verifica que condenou as concupiscências carnais e, no entanto, a fraqueza perdura, por causa do deleite, e nela jaz de bom grado, sem poder erguer-se, se não for curado. O salmista talvez tenha adotado a expressão ‘todas as noites’ por causa de alguém cujo espírito está pronto e percebe algo da luz da verdade, todavia, descansa às vezes por fraqueza da carne, no deleite deste século e sofre as vicissitudes do afeto, como se fossem dias e noites.
“Por exemplo, ao dizer: ‘Pela razão sirvo a lei de Deus’, trata-se do dia. De outro lado, quando diz: ‘Pela carne sirvo a lei do pecado’ (Rm 7, 25) refere-se mais à noite, até passarem todas as noites e chegar o dia único, do qual se diz: ‘De manhã estarei de pé diante de ti e verei’ (Sl 5, 4). Então, o salmista estará de pé; jaz agora no leito, que ele lavará todas as noites, a fim de impetrar através de tantas lágrimas da misericórdia de Deus o remédio eficaz”
Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 6, 7
“Talvez alguém considere que, por ter cometido crimes graves, será excluído da misericórdia de Deus. Nenhum pecador deve chegar a pensar algo desse tipo. Quem quer que sejas, ó homem, deves olhar a multidão dos teus pecados e ver o incrível poder do Mediador divino”.
“Ainda que Deus queira mostrar a sua misericórdia porque Ele é bom, e possa porque é onipotente, uma pessoa fecha a porta da misericórdia divina à sua alma quando crê que Deus seja relutante ou não seja capaz de ter piedade dele. Ele não crê que Deus seja bom ou onipotente. Ninguém deveria desesperar da divina misericórdia depois de cem pecados e nem depois de mil pecados”.
“Pelo contrário, ele deveria mostrar a sua fé apressando-se em obter o favor de Deus sem qualquer demora. Davi, que, pela misericórdia divina, tornou-se rei e profeta, mesmo chegando a uma alta posição, cometeu adultério e homicídio. Todavia, não esperou buscar refúgio na cura do arrependimento. Imediatamente arrependeu-se, gritando com gemidos e lamentos. Cumpriu-se, assim, aquilo que é dito neste Salmo: ‘Todas as noites banho de pranto minha cama, com lágrimas inundo o meu leito’”
São Cesário de Arles (470-542)
Sermões, 65, 2
“De amargura meus olhos se turvam, esmorecem por causa dos que me oprimem”
Salmo 6,8
“Em todos os sentidos, a vida para nós está cheia de numerosos inimigos, que se tornam mais poderosos quando estamos cheios de pecado. É preciso, portanto, fazer o necessário para evitar os seus ataques, sempre evitando reconciliar-se com eles. Isso dará para nós maior fundamento e segurança”.
“Paulo, mostrando o exército dos nossos inimigos, diz: ‘Não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso’ (Ef 6, 12). E certamente, ao ser esta a falange de inimigos, sempre e continuamente devemos amar-nos e rejeitar os ataques do pecado”
São João Crisóstomo (347-407)
Comentário aos Salmos, 6, 5
Luz da Vida:
O programa Luz da Vida nasceu da necessidade de proclamar o nome santo de nosso Senhor Jesus Cristo, de levar a todos os corações a certeza de que não existe outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos: Jesus Cristo.
“Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Mt 8, 12). Foi essa passagem bíblica que inspirou a criação e o nome do programa, que tem uma finalidade simples e audaciosa: apresentar Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Como Luz que ilumina a vida de todos nós.
A cada programa, Dom José Falcão de Barros apresenta um tema diferente, abordando questões espirituais e materiais da vida hodierna, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina, do magistério e da tradição da Igreja Católica Apostólica Romana.