Dom José Francisco Falcão de Barros reflete o Salmo 4, 6-7. Cita textos de Santo Agostinho, São João Crisóstomo e São Beda:
Os salmos na nossa vida
Salmo 4
“Oferecei sacrifícios justos e esperai no Senhor”
Salmo 4,6
“‘Oferecei sacrifícios justos e esperai no Senhor’. A mesma coisa encontra-se em outro Salmo: ‘Sacrifício a Deus é o espírito contrito’ (Sl 50, 10). Não é absurdo considerar aqui sacrifícios justos os efetuados através da penitência. Que de mais justo do que aborrecer antes os próprios pecados do que os alheios, e, castigando-se a si mesmo, sacrificar-se a Deus? Ou sacrifícios justos seriam as obras justas depois da penitência? Pois o ‘diapsalma’ intercalado talvez insinue com justeza a passagem de uma vida velha a uma vida nova, de tal maneira que, extinto ou enfraquecido pela penitência o velho homem, se ofereça a Deus um sacrifício de justiça, segundo a regeneração do homem novo, quando a própria alma, já purificada, a si mesma se oferta e coloca sobre o altar da fé, para ser consumida pelo fogo divino, o Espírito Santo. O sentido seria então: ‘Oferecei sacrifícios justos e esperai no Senhor’, isto é, vivei com retidão e esperai o dom do Espírito Santo, a fim de que a verdade, na qual acreditastes, vos ilumine”
Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 4, 7
“Buscai a justiça, fazei dons de justiça: esse é o maior dom de Deus, um sacrifício agradável, uma oferta de grande significado, que não sacrifica ovelhas ou filhos, mas faz aquilo que é justo… Esse sacrifício não exige dinheiro, nem espada, altar ou fogo; ele não se dissolve na fumaça, nas cinzas ou no odor; apenas a intenção do oferente é suficiente. A pobreza não é um impedimento, a indigência não é um problema, nem o espaço ou algo desse tipo… Quem de vós seria abandonado sentindo medo, se tiverdes Deus como aliado? Ninguém! Esta não é uma virtude de pouca importância: ter confiança n’Ele e crer n’Ele. Mas, com a justiça, Ele busca em nós também esse virtude: crer e esperar n’Ele, e não confiar nas coisas desta vida, afastando-nos delas e concentrando-nos n’Ele. As coisas da vida presente são como os sonhos e as sombras: o que elas produzem não têm consistência; ao mesmo tempo aparecem e desaparecem. Ademais, elas causam terríveis preocupações. Mas a esperança em Deus é imortal, imutável, inamovível; não é sujeita a mudanças, permanece firme e constante, e torna intocáveis aqueles que a professam com plena diligência e com a justa disposição da alma”
São João Crisóstomo (347-407)
Comentário aos Salmos, 4, 9
“Dizem muitos: Quem nos fará ver a felicidade? Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz de vossa face”
Salmos 4, 7
“Muitos dizem: ‘Quem nos dará a felicidade?’ Tal palavra, tal interrogação é de todos os dias da parte dos estultos e maus. Ou é dos desejosos da paz e tranquilidade da vida no século, que não as encontram por causa da perversidade do gênero humano; em sua cegueira, ousam acusar a ordem do universo, enquanto, envolvidos no que merecem, julgam os tempos atuais piores do que os passados. Ou é dos ainda hesitantes ou desesperados em relação à vida futura, a nós prometida, que dizem muitas vezes: Quem sabe se é verdade, ou quem voltou dos infernos para contar essas coisas?… Os homens, certamente muito numerosos, que andam à busca de bens temporais, apenas souberam dizer: ‘Quem nos fará ver a felicidade?’ porque não sabem ver os bens verdadeiros e certos dentro de si mesmos… A alma entregue aos prazeres temporais arde de desejos insaciáveis e, dissipada em inúmeros e atribulados pensamentos, acha-se impedida de ver o bem em sua simplicidade”
Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 4, 8-9
“Esta é a imagem de Deus para a qual fomos criados no primeiro homem, isto é, para sermos santos eternamente, participando da santidade de Deus. De onde diz o salmista: ‘Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz de vossa face’. Mas, porque o homem, pecando, perdeu essa luz da face divina, Deus quis assumir a aparência humana, nascendo na carne, para ensinar-nos que devemos renascer no Espírito; quis aparecer sem pecado com o aspecto de pecador, para libertar-nos de todo pecado e reformar em nós a glória da sua imagem”
São Beda, o Venerável (672-735)
Homilias sobre os Evangelhos, 1, 6
Luz da Vida:
O programa Luz da Vida nasceu da necessidade de proclamar o nome santo de nosso Senhor Jesus Cristo, de levar a todos os corações a certeza de que não existe outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos: Jesus Cristo.
“Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Mt 8, 12). Foi essa passagem bíblica que inspirou a criação e o nome do programa, que tem uma finalidade simples e audaciosa: apresentar Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Como Luz que ilumina a vida de todos nós.
A cada programa, Dom José Falcão de Barros apresenta um tema diferente, abordando questões espirituais e materiais da vida hodierna, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina, do magistério e da tradição da Igreja Católica Apostólica Romana.