Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre a passagem bíblica de Mateus 9,12-13 e um texto de Santo Hilário de Poitiers:

Mateus 9,12-13 (II) – Vocação de Mateus – Esperança para os pecadores

Ὁ δὲ ἀκούσας εἶπεν· οὐ χρείαν ἔχουσιν οἱ ἰσχύοντες ἰατροῦ ἀλλ’ οἱ κακῶς ἔχοντες. πορευθέντες δὲ μάθετε τί ἐστιν· ἔλεος θέλω καὶ οὐ θυσίαν· οὐ γὰρ ἦλθον καλέσαι δικαίους ἀλλ’ ἁμαρτωλούς
 
Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: ‘Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’ (Os 6, 6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores’”

“‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’” (Os 6, 6). A Lei, ligada à observância dos sacrifícios, não podia trazer socorro a ninguém, mas a salvação era reservada a todos os homens pelo dom da misericórdia. ‘Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores’. Ele veio para todos. Como, porém, afirma que não veio para os justos? Havia, por acaso, alguns para os quais não era necessário que Ele viesse? Mas ninguém é justo por força da Lei! Na verdade, Ele mostra quão insensata é a presunção da justiça, porque, sendo os sacrifícios inúteis para a salvação, a misericórdia era necessária para todos aqueles que se apoiavam na Lei. Se a justiça viesse da Lei, não teria sido necessário o perdão mediante a graça”
Santo Hilário de Poitiers (315-367)
In Matthaeum, 9, 2