Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre a passagem bíblica de Mateus 10,35-36 e um texto do Pseudo-Crisóstomo:

Mateus 10, 35-36 (IV) – Radicalidade do seguimento de Cristo


ἦλθον γὰρ διχάσαι ἄνθρωπον κατὰ τοῦ πατρὸς αὐτοῦ καὶ θυγατέρα κατὰ τῆς μητρὸς αὐτῆς καὶνύμφην κατὰ τῆς πενθερᾶς αὐτῆς, καὶ ἐχθροὶ τοῦ ἀνθρώπου οἱ οἰκιακοὶ αὐτοῦ.


“Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa”

“Existe uma paz boa e uma paz má. Paz boa é a que existe entre os bons, os que são fiéis e justos… A fé nasce por meio da palavra de Deus, porém conserva-se pela paz e se alimenta pela caridade, como diz o Apóstolo: ‘É a fé que age pela caridade’ (Gl 5, 6). Assim, portanto, a fé que não tem caridade, não pode produzir nenhum fruto de boas obras. Portanto, se os fiéis se separam por uma dissensão, isto é, uma má desunião, como diz o Senhor: ‘Toda casa dividida entre si não subsistirá’ (Mt 12, 25). E se a fraternidade está dividida, consume-se por si mesma, como diz o Apóstolo: ‘Porém, se mutuamente vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por consumir uns aos outros’ (Gl 5, 15). Pelo contrário, a paz má é a que existe entre os infiéis e os iníquos. Entre eles existe uma só malícia e um consenso para fazer o mal. Porque a infidelidade e a iniquidade nascem de uma sugestão do diabo, porém se preservam pela paz. Portanto, se em alguma ocasião os infiéis e os iníquos se dividirem entre eles, isto seria uma boa discórdia”

Pseudo-Crisóstomo
Obra incompleta sobre o Evangelho de Mateus, 26