Frei Gilson e Dom José Falcão falam ainda sobre os sentidos da Palavra de Deus:

“Exige-se de nós que defendamos o significado literal dos fatos narrados pelo autor sagrado. Porém, se entre as expressões utilizadas por Deus e por qualquer pessoa chamada por Deus ao ministério de profeta, encontra-se alguma que não pode ser tomada literalmente sem que resulte absurda, não há dúvida de que deve ser entendida em sentido figurado, indicando outra coisa de natureza simbólica. Contudo, não é legítimo duvidar que essa expressão seja Palavra de Deus, o que é exigido pela fé naquele que fala e na fidelidade de quem escreve”
Santo Agostinho (354-430)
De Genesi ad litteram, 11, 1, 2

Ó filha de Babilônia, a devastadora, feliz aquele que te retribuir o mal que nos fizeste! Feliz aquele que se apoderar de teus filhinhos, para os esmagar contra o rochedo!
Salmo 136, 8-9

“Quando lemos os livros divinos, amemos acima de tudo, na imensa multidão de verdades que brotam de tão poucas palavras e são sustentadas pela firmeza da fé, o que o autor que lemos parece ter expressado como verdadeiro. Mas se o seu pensamento não estiver claro, pode-se afirmar o que certamente não é proibido pelas circunstâncias das Escrituras e concorda com a fé pura. Mas se, considerando a complexidade das Escrituras, ela não puder ser tratada ou discutida, deixe-nos apenas o que a fé sã e pura prescreve. Pois uma coisa é não ignorar o significado principal do que o autor escreveu e outra é desviar-se erroneamente da regra da piedade. Se o leitor evitar uma coisa ou outra, obterá frutos maduros. Todavia, se ambas as coisas não podem ser evitadas, mesmo que a vontade do escritor seja incerta, não é inútil ter preparado uma frase adequada e ajustada à fé”
Santo Agostinho (354-430)
De Genesi ad litteram, 1, 21, 41

1 “Importa que me glorie? Na verdade, não convém! Passarei, entretanto, às visões e revelações do Senhor. 2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até o terceiro céu. Se foi no corpo, não sei. Se fora do corpo, também não sei; Deus o sabe. 3 E sei que esse homem – se no corpo ou se fora do corpo, não sei; Deus o sabe – 4 foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir”
2 Coríntios 12,1-4

7 “Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. 8 Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. 9 Mas ele me disse: ‘Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força’. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo”
2 Coríntios 12,7-9

22 “São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. 23 São minis­tros de Cristo? Falo como menos sábio: eu, ainda mais. Muito mais pelos trabalhos, muito mais pelos cárceres, pelos açoites sem medida. Muitas vezes, vi a morte de perto. 24 Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um. 25 Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo. 26 Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteado­res, perigos da parte de meus concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos! 27 Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez!”
2 Coríntios 11,22-27