Frei Gilson e Dom José Falcão refletem sobre as opiniões corretas e errôneas na Escritura II:

“Ouvidas e meditadas todas essas teorias, “não quero discussões sobre termos: elas não servem para nada, senão para confundir os ouvintes. Para a edificação, a Lei é boa, contanto que seja usada segundo as normas, porque a finalidade dela é a caridade, que procede de coração puro, de boa consciência e de fé sem hipocrisia (Ef 4, 29; 1Tm 1, 8). O nosso Mestre sabe quais os dois preceitos em que fez consistir “toda a Lei e os Profetas” (Mt 22, 40). Ó meu Deus, na escuridão sois a “luz dos meus olhos!” (Sl 37, 11). Se eu observo com zelo esses preceitos, que me importa que possam dar diferentes sentidos a essas palavras, contanto que todos sejam verdadeiros? O que me importa, repito, se a minha opinião diverge da opinião de outros a respeito do pensamento do escritor? Todos nós, ao lermos, esforçamo-nos por estudar e compreender o que o autor queria dizer. Se o acreditamos verídico, não ousamos supor que tenha podido dizer algo que sabemos ou julgamos falso. Portanto, enquanto cada um procura compreender nas Sagradas Escrituras o que o autor quis dizer, que mal há em interpretá-las em outro sentido, se tu, ó Luz de todas as mentes sinceras, mostras ser verdade, ainda que não seja aquilo que o autor quis dizer? Também ele, de fato, entendeu dizer a verdade, embora não precisamente aquela verdade”
Santo Agostinho (354-430)
Confissões, 12, 18, 27

“A respeito das pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém, dou o meu conselho, como homem que recebeu da misericórdia do Senhor a graça de ser digno de confiança”
1 Coríntios 7,25

26 “Julgo, pois, em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem ficar assim como é. 27 Estás casado? Não procures desligar-te. Não estás casado? Não procures mulher. 28 Mas, se queres casar-te, não pecas; assim como a jovem que se casa não peca. Todavia, padecerão a tribulação da carne; e eu quisera poupar-vos”
1 Coríntios 7,26-28

“Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicar­des à oração; e depois retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência”
1 Coríntios 7,5

“Pois quereria que todos fossem como eu; mas cada um tem de Deus um dom particular: uns este, outros aquele”
1 Coríntios 7,7

“Aos casados mando – não eu, mas o Senhor – que a mulher não se separe do marido”
1 Coríntios 7,10

25.Não quero, irmãos, que igno­reis este mistério, para que não vos gabeis de vossa sabedoria: esta cegueira de uma parte de Israel só durará até que haja entrado a totalidade dos pagãos. 26.Então, Israel em peso será salvo, como está escrito: Virá de Sião o libertador, apartará de Jacó a impiedade. 27.E esta será a minha alian­ça com eles, quando eu tirar os seus pecados (Is 59,20s; 27,9).
Romanos 11,25-27

28.Se, quanto ao Evangelho, eles são inimigos de Deus, para proveito vosso, quanto à eleição eles são muito queridos por causa de seus pais. 29.Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. 30.Assim como vós antes fostes desobedientes a Deus, e agora obtivestes misericórdia com a deso­bediência deles, 31.assim eles são incrédulos agora, em consequência da misericórdia feita a vós, para que eles também mais tarde alcancem, por sua vez, a misericórdia.
Romanos 11,28-31

“Quando alguém disser: “Moisés entendeu isto como eu”, e outro: “Não, ele pensou como eu”, julgo ser de espírito religioso dizer: “Por que não as duas interpretações, se ambas são verdadeiras? E se alguém encontrar um terceiro, e um quarto, ou mais sentidos verdadeiros, por que não acreditar que Moisés os viu todos, ele de quem Deus se serviu para adaptar os escritos à inteligência de muitos que haviam de neles descobrir coisas verdadeiras e diferentes”? Com efeito — e o declaro intrepidamente, do fundo do coração — se eu, tendo alcançado a culminância da autoridade, devesse escrever alguma coisa, teria maior prazer em fazê-lo de modo que minhas palavras proclamassem tudo aquilo que alguém pudesse conceber de verdadeiro nesse assunto, ao invés de propor uma única afirmação clara que excluísse qualquer outra, mesmo não evidentemente falsa. Portanto, não quero ser temerário, meu Deus, a ponto de acreditar que tal homem não mereceu de ti esse privilégio. Sem dúvida, ao escrever essas palavras, ele percebeu e pensou nas verdades que já fomos capazes de descobrir nelas e, com certeza, pensou nas verdades que ainda não fomos capazes de descobrir, mas que naquelas palavras dele poderão ser encontradas”
Santo Agostinho (354-430)
Confissões,12, 31, 42