Dom José Falcão faz uma reflexão sobre o manto de Cristo. Cita os seguintes textos:

Jesus levantou-se e o foi seguindo com seus discípulos. Ora, uma mulher atormentada por um fluxo de sangue, havia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto. Dizia consigo: “Se eu somente tocar na sua vestimenta, serei curada”. Jesus virou-se, viu-a e disse-lhe: “Tem confiança, minha filha, tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada instantaneamente
Mateus 9,19-22

“Pensemos no que seja a orla do manto. Considere Vossa Caridade. Pelo manto do Senhor se entendem os Apóstolos que lhe estão ligados. Pensai qual o Apóstolo que foi enviado aos gentios. Com efeito, coube-lhe a maior ação no apostolado dos gentios. Portanto, o Apóstolo Paulo, enviado aos gentios, é ele próprio a orla do manto, porque ele era o último dos Apóstolos. Não é, porventura, a orla de um manto a última e a menor coisa? Uma e outra coisa diz acerca de si mesmo o Apóstolo: “Eu, porém, sou o último dos Apóstolos” (1Cor 15,18), e “Eu sou o menor dos Apóstolos” (1Cor 15,18). Ele é o último, ele é o menor. Isto é a orla de um manto. E a Igreja dos gentios, tal como a mulher que tocou a orla, padecia de um fluxo. Tocou e ficou salva. Toquemos nós, também, ou seja, acreditemos, para que possamos ser salvos”
Santo Agostinho (354-430)
Sermão 63A, 3

Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: “Salve, rei dos judeus!” E davam-lhe bofetadas. Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”. Apareceu, então, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura
João 19,2-5

“No lugar do diadema real, impõem-lhe à cabeça uma coroa de espinhos; e no lugar das vestes de púrpura, como usavam os reis da Antiguidade, enrolam-no em um trapo da mesma tintura. O relato de João não contradiz o de Mateus, segundo quem lançaram sobre ele um manto escarlate já que, como explica Orígenes, a púrpura e o escarlate são da mesma matéria, o quermes, que, cortado, verte gotas de sangue com as quais são tingidos os dois tipos de vestimenta. E, embora os soldados fizessem isso por escárnio, figuraram para nós alguns mistérios. Na coroa de espinhos está representado como Jesus toma sobre si os nossos pecados, que a terra do nosso corpo produz como espinhos. No manto purpúreo está a carne sujeita às paixões. Além disso, Nosso Senhor veste-se de púrpura também porque nesse momento se gloria do triunfo dos mártires”
São Beda (673-735)
Comentário ao Evangelho segundo João 19, 2

Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será”. Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica” (Sl 21,19). Isso fizeram os soldados
João 19,23-24

“A repartição das vestes do Senhor em quatro peças prefigurou a Igreja dele espalhada pela Terra em quatro partes e nelas distribuída de modo igual, quer dizer, com unanimidade e concórdia. Já a túnica sorteada significa a unidade entre todas as partes, ligadas pelo vínculo da caridade. Ora, se a caridade possui um caminho mais excelente, se excede toda ciência, se está em cima de todos os preceitos, conforme diz o Apóstolo: ‘Sobretudo, porém, tende caridade’ (Cl 3,14), com razão a roupa que a simboliza é tecida de alto a baixo. E acrescenta ‘toda tecida’, por inteiro, porque não está privado dela ninguém que tome parte no todo, nesse todo donde a Igreja tira o nome de ‘católica’. É sem costura para que nunca possa ser descosturada; e tocará a apenas um porque junta todos na unidade. Na sorte, por sua vez, está preconizada a graça de Deus: quando, afinal, a sorte é lançada, não importa a dignidade ou os méritos de cada um, mas se entrega tudo ao juízo oculto de Deus”
Santo Agostinho (354-430)
Comentário ao Evangelho segundo João
Tratado 118, 4

Vi ainda o céu aberto: eis que aparece um cavalo branco. Seu cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que ele julga e guerreia. Tem olhos flamejantes. Há em sua cabeça muitos diademas e traz escrito um nome que ninguém conhece, senão ele. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome é Verbo de Deus. Seguiam-no em cavalos brancos os exércitos celestes, vestidos de linho fino e de uma brancura imaculada. De sua boca sai uma espada afiada, para com ela ferir as nações pagãs, porque ele deve governá-las com cetro de ferro e pisar o lagar do vinho da ardente ira do Deus Dominador. Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores!
Apocalipse 19,11-16

“Não está desnudo o Verbo de Deus, que João vê montado em um cavalo, mas está vestido com um manto manchado de sangue, porque o Verbo feito carne morre porque se fez carne, de sorte que o seu sangue foi derramado sobre a terra, quando atingido pelas marcas da sua paixão e quando o soldado perfurou o seu lado. Se chegarmos um dia à mais elevada e à mais sublime contemplação do Verbo e da Verdade, sem dúvida alguma não esqueceremos que fomos introduzidos lá pela sua vinda em nosso corpo”
Orígenes (185-253)
Comentário ao Evangelho segundo João 2, 61

 

Ecclesia:
O Ecclesia é um programa de catequese que aborda temas relacionados a doutrina e a fé da Igreja Católica.
A partir da história da Igreja, procura-se desvendar os mistérios da fé, dialogando sobre a doutrina, vida dos santos, dogmas, devoções e as principais festas do calendário litúrgico.
É um programa para todo católico aprender e aprofundar seus conhecimentos no mistério divino, a fim de viver de fato a Igreja católica.

 

Programa inédito: terça, 19h30.
Reprise: domingo, 9h30 e 19h.