Dom José Falcão de Barros explica o Catecismo da Igreja Católica, refletindo sobre a frase “Venha a nós o Vosso Reino”, da oração do Pai Nosso, e um texto de Tertuliano: “Venha o teu Reino, ou seja: o teu Reino se realize em nós. E como negar que Deus reina, se nas mãos do Senhor estão os corações dos reis (Pr 21, 1)? Mas tudo aquilo que desejamos para nós mesmos, o referimos a Ele, o santificamos n’Ele, porque é por Ele que esperamos. Se o advento do Reino de Deus é conforme a sua vontade e exige a nossa esperança, como alguns pedem com lágrimas um adiamento para o mundo, uma vez que o Reino de Deus, o qual pedimos a vinda, tende a pôr fim a este mundo? Pedimos para reinar imediatamente para escapar rapidamente da escravidão. Se essa oração não tivesse estabelecido para nós o dever de pedir a vinda desse Reino, espontaneamente o pediríamos com grande brado, apressando-nos a buscar e abraçar as nossas esperanças (cf. Hb 4, 11). As almas dos mártires, sob o altar, invocam o Senhor com grande grito: Até quando, Senhor santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça vingando nosso sangue contra os habitantes da terra? (Ap 6, 10). Com efeito, eles devem obter a justiça no fim dos tempos. Apressa, portanto, Senhor, a vinda do teu Reino! É o desejo dos cristãos, a confusão dos infiéis, o triunfo dos anjos; é por isso que sofremos; ou melhor, é isso que invocamos” (Tertuliano, De oratione, 5 (PL 1, 1158-1159)).