Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre as passagens bíblicas de Mateus 6,22-23 e um texto de Santo Agostinho:

Mateus 6,22-23 (II) – Deus, único tesouro

Ὁ λύχνος τοῦ σώματός ἐστιν ὁ ὀφθαλμός. ἐὰν οὖν ᾖ ὁ ὀφθαλμός σου ἁπλοῦς, ὅλον τὸ σῶμά σου φωτεινὸν ἔσται· ἐὰν δὲ ὁ ὀφθαλμός σου πονηρὸς ᾖ, ὅλον τὸ σῶμά σου σκοτεινὸν ἔσται. εἰ οὖν τὸ φῶς τὸ ἐν σοὶ σκότος ἐστίν, τὸ σκότος πόσον.
 
“O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará em trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!”

“Não se deve considerar na vida de uma pessoa o que ela faz, mas a intenção com a qual o faz. Essa é, na verdade, ‘a luz que há em nós’. Pois ela nos manifesta claramente se agimos com intenção reta, já que ‘tudo é manifesto pela luz’” (Ef 5, 13).

“Quanto aos nossos atos de relacionamento com os outros, fica-nos, contudo, obscuro o resultado das ações. Por isso, o Senhor os chama de ‘trevas’. Por exemplo, se dou uma esmola a um pobre que mendiga, não sei como ele se utilizará desse donativo, e o que irá lhe acontecer. Poderá fazer mau uso dele e sofrer algum dano maior. Entretanto, ao dar a esmola, essa não foi a minha intenção, nem a minha vontade. Se a minha intenção for reta, terei consciência disso. Eis por que é chamada ‘luz’”.

“E essa luz irradia-se sobre todo o meu agir, qualquer que seja o resultado. Diz-se luz porque cada um sabe claramente o que o move à ação. E o resultado é chamado ‘trevas’ porque é incerto e desconhecido”

Santo Agostinho (354-430)
O Sermão da Montanha 2, 46